segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

OS FILHOS DE COMAGENE IV

Júlia Balbila (75-130)


Filha do príncipe Gaio Júlio Antíoco Epífanes e de Cláudia Capitolina, Júlia Balbila (imagem ao lado) era irmã caçula de Gaio Júlio Filopapo, proeminente cidadão romano-ateniense. Pertencia à Casa Real de Comagene e viveu na alta sociedade romana onde se destacou como amiga da família imperial e poetisa.
Balbila nasceu e cresceu em Roma pouco depois da extinção do reino de Comagene (72 d.C.) quando sua família mudou-se para a capital imperial sob o amparo do imperador Vespasiano, o qual deu ao rei Antíoco IV receita suficiente para ele e a sua família viverem prosperamente em Roma. Balbila e a sua família tiveram uma vida fascinante em Roma e foram tratados com o grande respeito. Como seu irmão, teve uma educação grega tradicional de aristocrata.
Depois das mortes de seus avós, seus pais, ela e seu irmão Filopapo mudaram-se para Atenas. Depois da morte de seu pai, Gaio Antíoco Epífanes, em 92, Capitolina voltou para sua cidade natal de Alexandria no Egito onde ela se casou pela segunda vez com o político romano Marco Júnio Rufo. Balbila acompanhou sua mãe e há uma possibilidade que nesse período no Egito ela teve um interesse na astrologia como seu bisavô, Trasilo, e seu avô, Cláudio Balbilo. Após a morte de sua mãe, Balbila voltou a Filopapo em Atenas. Quando da morte deste em 116, Balbila erigiu um momento esplendido conhecido como o Monumento de Filopapo.
Em Atenas, Balbila se casou com um aristocrata romano cujo nome não se sabe, mas há possibilidade dela pertencer às famílias senatoriais. Infelizmente não há nenhum registro de descendentes deste casamento, no entanto, seu marido morreu, provavelmente, antes de 129.

Balbila foi poetisa da corte e amiga do imperador Adriano (ao lado) e sua esposa a imperatriz Víbia Sabina, a qual acompanhou ao Egito quando da visita de Adriano a este país em 129. Durante 19 e 21 de novembro de 130, em comemoração a sua visita ao Vale dos Reis no Egito, o casal imperial encomendou a Balbila que registrasse sua passagem naquele grandioso lugar histórico. Balbila escreveu quatro epigramas em grego eólico, a língua usada pela poetisa Safo oito séculos antes. Inspirando-se em Safo, Balbila fez quatro epigramas conhecidos como Epigrammata, inscritos e conservados em um dos colossos de Memnon (O Colossos de Memnon são duas estátuas de pedra maciças construídas pelo Faraó Amenhotep III, XIV século a.C.). Quando Balbila viu os Colossos de Memnon (imagem abaixo), o grandioso monumento lembrou-a das esculturas colossais no Monte Nemrut e o mausoléu do seu mais célebre antepassado, o rei Antíoco I Theos de Comagene.


Os quatro epigramas, embora sejam “grafite” são considerados pelos historiadores modernos como inscrições públicas, já que Adriano e Sabina os aprovaram. Esses epigramas engenhosos têm um tom homérico mesclando história e mitologia; honram aos imperadores de Roma, os novos faraós, e a própria ascendência real de Balbila. Os textos também revelam o perfil poético de Júlia Balbila: personalidade erudita, uma poetisa lírica tradicional, amante da canção e com afeição às Musas (deusas da inspiração artística).
No primeiro e segundo epigramas honra e narra a história de um rei mítico da Etiópia, Memnon, que foi morto pelo guerreiro Aquiles em Tróia e a quem o deus Zeus fez imortal. Balbila, na verdade, não fala diretamente a Memnon, mas está enaltecendo a Adriano e Sabina.
A terceiro epigrama, Demo, é dedicado às Musas, aludindo-lhes a sua poesia, fazendo-a como divinamente favorecida. No epigrama quarto e final, Balbila dedica aos seus pais e avós. Este epigrama é dedicado também ao seu sangue real e aristocrático:

“Para os piedosos que foram os meus pais e avós: Balbilo, o Sábio, e o Rei Antíoco; Balbilo, o pai de minha mãe de sangue real e o Rei Antíoco, o pai do meu pai. A partir de sua linhagem eu também traço o meu sangue real; e estes versos são meus, Balbila, a piedosa.”


Não se sabe o que sucedeu a Balbila depois disso nem o ano de sua morte.

Para saber mais sobre a literatura de Júlia Balbila consulte:

FONTE: Wikipédia. Versão em inglês.

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