quarta-feira, 21 de abril de 2010

O REINO DE COMAGENE: RESUMO HISTÓRICO

Comagene foi um pequeno reino helenístico de origem armênia localizado hoje na província de Adıyaman no sudoeste Turquia.Limitava-se com o leste às margens do rio de Eufrates, no oeste pelos montes Taurus e no sul pelas planícies do norte da Síria . Tal região era uma intersecção das civilizações do Oriente e do Ocidente.
Comagene destaca-se por sua abundante documentação nativa, principalmente a monumental, a qual é mais extensa do que os informes greco-romanos.Tinha relação étnica e lingüística com os Armênios até pelo menos o século I a.C. Suas principais cidades eram Samosata, Arsameia no Nymphaios (atual rio Katah Çay) e Arsameia no Eufrates. Abaixo o reino de Comagene com suas principais cidades e localidades assinaladas.

O Arsameia no Eufrates, hoje chamada Gerger Kalesi (Fortaleza de Gerger), foi fundada por Arsames sobre rochas que contemplam do alto o rio Eufrates, o qual constituiu a fronteira natural da parte oriental do reino de Comagene. Na parte superior do sítio, originalmente esteve o templo de Argandene, uma deusa local. Depois, tornou-se um santuário-cemitério sagrado (hierothesion), onde um relevo foi gravado na superfície de rocha. As inscrições mencionam que o relevo foi feito por ordem de Antíoco I para seu avô, o Rei Sames II. O revevo, que mostra Sames olhando na direção do Monte Nemrut, era destinado para ser visto à distância. Abaixo: Ruínas de Arsameia do Eufrates.

Arsameia no Nymphaios estende-se sobre dois cumes de morros conhecidos como Eski Kale (Velha Fortaleza) e Yeni Kale (Nova Fortaleza) separados pelo Rio Nymphaios (hoje Kahta Çayi). Fundada por Arsemes, antepassado dos reis de Comagene, como residência de verão, a cidade era um lugar militar estratégico e centro de culto aos reis de Comagene. Vários monumentos e inscrições são encontrados no seu sítio (abaixo).

Comagene controlou cruzamentos do Eufrates a partir da Mesopotâmia e assim era uma via de invasão privilegiada pelas tropas persas que vinham do oeste. O reino tornou-se rico por causa do comércio e agricultura, em particular nas terras férteis em volta da capital, Samosata. Embora os meios pelos quais os soberanos de Comagene desenvolveram economicamente a sua terra não sejam inteiramente claros, a existência da grande prosperidade é óbvia relação de monumentos reais, o número de festivais celebrados em todas as partes do reino, as expectativas de invasores quanto à pilhagem e os informes contemporâneos da prosperidade real pela literatura romana (por exemplo Tácito em Anais 2.81). Abaixo, o rio Eufrates cortando Comagene.

Localizada primordialmente à margem direita do Eufrates, a região parece ter tomado o nome do novo reino hitita de Kummuh que durou de 1000 a 708 a.C. Foi primeiramente mencionada em textos assírios como Kummuhu, sendo normalmente aliado da Assíria, que posteriormente a anexou como província em 708 a.C. sob Sargão II. Kummuhu sob os Assírios era uma cidade fortificada que posteriormente deu origem a cidade de Samosata, capital de Comagene, atual Samsat às margens do rio Eufrates (abaixo). A maior parte da cidade antiga está submersa na represa de Ataturk.


O Império Persa conquistou Comagene no VI século a.C. e Alexandre, o Grande, conquistou o território no IV século a.C. Depois do colapso do Império Alexandrino, Comagene, após ser dependente do reino armênio de Sofene, passa a ser uma província do Império greco-sírio dos Selêucidas.
A monarquia armeno-helenística de Comagene, limitada pela Cilícia no oeste e Capadócia no norte, surgiu em 162 ou 163 a.C. quando o seu governador, Ptolomeu se declarou independente. A dinastia de Ptolomeu esteve relacionada aos reis partas, mas o seu descendente Mitridates I Calínico (100 - 69 a.C.) abraçou a cultura helenística e casou-se com a princesa grega da Síria Laodice VII Thea. Abaixo, o Reino de Comagene nos dias de Mitridates I Calínico.

A sua dinastia reivindicava laços tanto com Alexandre, o Grande, como com os reis partas. Este matrimônio também pode ter sido parte de uma aliança de paz entre Comagene e o Império Selêucida. Deste ponto em diante, o reino de Comagene ficou mais grego do que parta ou armênio. A administração de Comagene foi paralela à estrutura das satrápias persas sob a dinastia Aquemênida: baseada em propriedades, agricultura e vida rural. Com a passagem do tempo, a administração foi gradualmente se helenizando em muitos aspectos. O grego foi adotado como a língua dos documentos oficiais. Nas classes de oficiais políticos as inscrições enumeram: dynastai, stratēgoi, ethnarchoi, archontes semelhante à administração dos Selêucidas, os reis gregos da Síria.
Antíoco I Theos de Comagene (reinou 70 a.C-38 a.C.), filho de Mitridates e de Laodice, foi aliado do general romano Pompeu contra os Partas em 64 a.C. Pela diplomacia, Antíoco foi capaz de manter Comagene independente dos Romanos. Abaixo:Monumentos do túmulo real de Antíoco I Theos em Nemrut Dag (Monte Ninrod).

Em 17 d.C. quando Antíoco III de Comagene morreu, o Imperador Tibério anexou Comagene à província da Síria, mas em 38 Calígula restabeleceu seu filho Antíoco IV e também lhe deu as áreas selvagens da Cilícia para governar. Antíoco IV foi o único rei cliente de Comagene sob o Império Romano. Antíoco IV reinou até 72, quando o Imperador Vespasiano depôs a dinastia e re-anexou o território à Síria. Abaixo herança da presença romana em Comagene: ponte sobre o rio Cendere.

Os descendentes de Antíoco IV viveram prosperamente e com distinção na Anatólia, na Grécia, na Itália e no Oriente Médio.Dos descendentes de Antíoco IV destaca-se seu neto Filopapo que morreu em 116. Os cidadãos do Atenas em 116 erigiram um monumento funeral em honra de Filopapo, que foi benfeitor do Atenas. Júlia, descendente de Antíoco IV, foi casada com o historiador Gaio Asinio Quadrato Basso, que viveu antes do III século.

FONTES:
Wikipédia. Versões em inglês e italiano.
The Encyclopaedia Iranica . Disponível em:http://www.iranica.com

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

OS FILHOS DE SAMOSATA

Em 72 d.C.o reino de Comagene foi incorporado à província da Síria. Sua capital, Samosata, continuou sendo um lugar militarmente importante por estar localizada num ponto estratégico para a travessia do Eufrates, o divisor natural entre os Impérios romano e parta. Nela ficaram estacionadas legiões romanas ( a Legio VI Ferrata e a LegioXVI Flavia Firma). A medida que o cristianismo se expandia no mundo romano, Samosata foi produzindo líderes cristãos e no 6º século a antiga capital de Comagene era uma metrópole autocéfala da Igreja Oriental.
Dessa importante cidade, cujos reis haviam se mudado para Roma e seus descendentes viviam regaladamente na alta sociedade do Império, surgiram pessoas, que, se não tinham sangue real, assinalaram sua presença nessa terra antiga e gloriosa ou dela descendiam.


Luciano de Samosata (c. 125-180) foi filósofo e escritor satírico. Nasceu em Samosata e de sua origem étnica dizia que era sírio, assírio ou bárbaro; de qualquer forma oriundo da população semita de Samosata. Satirizou e criticou os costumes e a sociedade da época e exerceu a partir da Renascença significativa influência em escritores ocidentais como Erasmo, Rabelais, Voltaire e Machado de Assis. Atribui-se a ele cerca de 80 obras. Em Uma história verdadeira, Luciano relata uma fantástica viagem à Lua, menciona a existência de vida extraterrestre e antecipa diversos outros temas popularizados durante o século XX pela ficção científica. Luciano zombou em seus escritos de Cristo e dos cristãos e os menciona várias vezes em sua obra Alexandre, o Falso Profeta. Em A Morte de Peregrino ele conta a história de um filósoifo cínico chamado Peregrino o qual se envolveu em certo tempo de sua vida com o cristianismo. Na obra, Luciano costuma relacionar os cristãos às sinagoas da Palestina e se refere a Jesus Cristo como "o homem que foi crucificado na Palestina porque iniciou aquele novo culto no mundo… além disto, seu primeiro legislador convenceu-os de que eram todos irmãos uns dos outros, depois de terem definitivamente transgredido, negando os deuses gregos e adorando o próprio sofista crucificado, vivendo sob suas leis".



Paulo de Samosata (200-275) foi bispo de Antioquia entre 260 e 268. Oriundo de uma família humilde de Samosata, sua carreira eclesiástica cercou-se de controvérsias teológicas. Em 260, foi nomeado funcionário de elite da administração financeira da Rainha Zenóbia de Palmira que controlava a Síria neste tempo. Neste mesmo período foi eleito bispo de Antioquia, recebendo desde cedo a acusação de estar mais interessado no cargo público que na função eclesiástica. Um concílio reunindo bispos das cidades próximas a Antioquia tentou demovê-lo do cargo por sua conduta e doutrina heterodoxas, obtendo êxito somente em 268, quando em um novo concílio reunido em Antioquia houve um debate entre Paulo de Samósata e o presbítero Málquio de Antioquia, mestre de retórica. Derrotado no debate, Paulo foi declarado herético e deposto do cargo. No entanto, somente quando Antioquia voltou à administração romana, é que Paulo de Samosata abandonou forçadamente os edifícios eclesiásticos que ocupava. Paulo de Samosata cria e ensinava que o Cristo-Logos e o Espírito Santo significavam apenas qualidades de único Deus; Jesus-homem obtinha inspiração do Alto e, quanto mais homem se tornava, tanto mais recebia o Espírito acabando por identificar-se com o Pai quando da ressurreição.



Mártires de Samosata (+ 297 d.C.) foram mártires cristãos executados pelo Imperador Maximiano (285-310). Segundo a tradição, em 297 o Imperador Maximiano, voltando vitorioso sobre o exército persa, celebrou os jogos quinqueniais em Samosata, a capital da Síria Comagene. Nesta ocasião ele ordenou a todos os habitantes o reparo ao templo da Fortuna, situado no meio da cidade, e a participar das súplicas solenes e sacrifícios que deveriam ser feitos aos deuses. Os cristãos locais Romano, Jacó, Filoteu, Hiperéquio, Abibo, Juliano e Paregório recusaram-se a participar dos ritos pagãos e foram submetidos a diversos tipos de tortura antes de serem todos pregados em árvores.



Luciano de Antioquia ( +312) nasceu em Samosata, cidade da Síria. Fundador da escola de interpretação bíblica de Antioquia que opunha-se às tendências alegóricas e especulativo-filosóficas da escola de Alexandria. Órfão aos doze anos, foi para a cidade de Edessa, onde ficou sob a mentoria de Macário, estudiosa da Sagrada Escritura, com quem adquiriu sério conhecimento da Bíblia. De Edessa dirigiu-se Luciano a Antioquia onde foi ordenado sacerdote e abriu uma escola de exegese segundo o modelo da que o seu mestre Macário estabelecera em Edessa; lançou-se então a rever as diversas traduções dos Livros do Antigo Testamento e a compor deste uma nova, segundo o texto hebraico. Esta obra foi apreciadíssima no Oriente e serviu muito a Jerônimo, o célebre tradutor da Vulgata. Conservam-se dele a revisão crítica do texto dos Setenta, ou tradução grega dos Livros Sagrados, tendo anexo o Novo Testamento (pelo menos os Evangelhos) e a Apologia do Cristianismo.

A Escola de Antioquia da Síria, fundada por Luciano de Samosata em oposição ao método alegórico alexandrino, o qual era muito dependente da filosofia pagã, pode ser considerado o embrião do método histórico-gramatical de interpretação da Bíblia. O principais representantes da escola de Luciano foram Deodoro de Tarso (m.390), Teodoro de Mopsuestia (m.429) e João Crisóstomo (m.407). As principais características da Escola de Antioquia eram a valorização do sentido literal do texto, a busca da intenção do autor ao escrever o texto e tentativa de reconstituir a compreensão dos destinatários originais da carta ou escrito. A Luciano se atribui a uniformização e recensão dos textos gregos de sua época que foi a origem do Texto Bizantino (ou Textus Receptus) o texto padrão utilizado como original para as traduções do Novo Testamento até o século XIX quando outros tipos de texto forma descobertos.
Luciano encontrava-se em Nicomédia no ano de 303, quando foram publicados os editos do Imperador Diocleciano (245-313) contra os cristãos. Denunciado, Luciano foi lançado na prisão, onde ficou durante anos. Apresentado às autoridades imperiais, diz-se que fez uma excelente apologia da fé cristã. Isso não o livrou da prisão e das torturas que o levaram a morte. Diz que quando intimado a abjurar sua fé dizia: “sou cristão”. O corpo de Luciano foi levado para Drepane, cidade da costa da Bitínia.


Daniel, o Estilita (409-403) Anacoreta (monge que vive em lugar isolado) considerado santo nas Igrejas Católica Romana e Ortodoxa, nasceu na aldeia de Maratha perto de Samosata. É geralmente referido como monge de Samosata.Viveu num mosteiro dos doze aos trinta e oito anos. Durante uma viagem que fez com o seu abade a Antioquia, ele passou por Tellnesin e recebeu a bênção e o encorajamento de Simão, o Estilita. Os Estilitas eram anacoretas que viviam no cimo de colunas, em espírito de penitência; por terem fama de santidade e sapiência atraiam peregrinos que recorriam aos seus conselhos e orações. Embora procure se justificar o seu excesso de ascetismo por causa de uma a necessidade da penitência em uma época de corrupção terrível e decadência social, tal estilo de vida não encontra base nos ensinos do Novo Testamento. Após o encontro com Simão, Daniel visitou lugares sagrados, vários conventos e por fim retirou-se em 451 nas ruínas de um templo pagão para viver como eremita. Pouco depois da morte de seu mestre, ele estabeleceu-se perto de Constantinopla, onde sua influência foi grande, sendo visitado tanto pelo Imperador Leão I, o Trácio (457-474) como pelo Imperador Zenão, o Isauriano (474-491) que buscaram sua benção e orientação.



Eusébio de Samosata (330-379) bispo de Samosata que combateu o arianismo teológico. Em 361 tornou-se o bispo de Samosata. A Eusébio foi confiado o registro oficial da eleição em 360 do bispo de Antioquia, Melécio, que foi apoiado pelos bispos arianos (que não aceitavam a divindade de Cristo), que supuseram que ele apoiaria sua causa.

Quando Melécio expôs a sua ortodoxia, os bispos tentaram anular sua eleição e persuadiram ao imperador romano Constancio II (337-361), um ariano convicto, a extorquir o registro de Eusébio e destruí-lo. Diante da recusa de Eusébio, Constancio ameaçou-o de cortar sua mão direita se ele não desse o registro, mas a ameaça foi retirada quando Eusébio ofereceu as duas mãos. Durante a perseguição de cristãos ortodoxos (isto é, que criam na divindade de Cristo) no Oriente sob o imperador romano Valente (364-378), também ariano, Eusébio viajou incógnito através da Síria e da Palestina, restaurando bispos ortodoxos e sacerdotes que haviam sido depostos pelos arianos. Em 374 Valente exilou Eusébio para Trácia, uma região da Península dos Balcãs, mas após a morte do Imperador em 378, Eusébio foi restaurado ao seu bispado em Samosata. Enquanto estava em Dolikha consagrando um bispo, foi morto após ser atingido na cabeça por uma telha lançada por uma mulher supostamente ariana.


André de Samosata (+451), também conhecido como Andreas Samosatensis, foi bispo de Samosata que era adepto do nestorianismo (doutrina que distingue em Cristo duas pessoas, a divina e a humana). Entrou em controvérsia com Cirilo de Alexandria, o qual acabou o convencendo a abraçar a cristologia do Concílio de Éfeso (431) ainda que, talvez, por considerar a paz da Igreja superior a si mesmo do que por convicções teológicas.

Teodoreto de Ciro (+466) fala de André com muito carinho e estima, elogia sua humildade e disponibilidade para ajudar nos momentos difíceis. As cartas de André de Samosata dão uma idéia de sua sabedoria, prática, disponibilidade para confessar erros e firmeza em manter o que acreditava ser certo.


Rábulas de Samosata (+ 530) nascido em Samosata, Rábulas que aceitou monasticismo e pregou o Evangelho aos pagãos na Fenícia. Durante o reino de Imperador Anastácio (491-518) ele chegou a Constantinopla, onde fundou alguns mosteiros lá e morreu em paz aproximadamente em 530, com 80 anos de idade.


E assim, mesmo depois de 72 d.C., os filhos de Comagene foram fazendo parte da História.

FONTES: Wikipédia. Versões em inglês e português dentre outras.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

JOTAPIANO († c. 249)

Marco Fúlvio Rufo Jotapiano foi um usurpador das províncias romanas do Oriente do Império Romano durante o final do reinado de Felipe, o Árabe (244- 249). Sabe-se sobre Jotapiano por suas raras moedas e por informações dos historiadores romanos Aurélio Vitor (360-389), Polêmio Silvio (438-444) e Zósimo (507-518).
Jotapiano era um membro da aristocracia local do Oriente Médio. Seu nome é semelhante ao das rainhas e princesas Iotapa de Comagene. Abaixo, efígie da rainha Júlia Iotapa, última rainha de Comagene. Supõe-se que Jotapiano poderia ter sido um membro da família real, que tinha perdido o seu poder para os romanos em tempos de Vespasiano (72 d.C.) sendo descendente de Gaio Alexandre e Júlia Iotapa, reis de Cetis.

Aurélio Victor diz que Jotapiano alegava descender de um tal Alexandre. Segundo alguns estudiosos, isto se refere ao imperador Alexandre Severo (222-235), enquanto outros indicam que Antíoco I Theos, o grande rei de Comagene e possível antepassado de Jotapiano, reclamava descendência de Alexandre, o Grande, como atestado nos monumentos do Monte Nemrut.
Era um período de muita agitação no Império Romano que estava sendo invadido por vários povos bárbaros e vários chefes militares se proclamavam imperadores. Quando imperador Gordiano III (de apenas vinte anos) foi assassinado, o chefe da Guarda

Pretoriana, Marco Júlio Felipe, mais conhecido como Felipe, o Árabe (imagem ao lado), devido às suas origens, assumiu o trono imperial. Estabeleceu seu irmão Gaio Júlio Prisco como Rector Orientis (governante do Oriente). Prisco cobrou impostos excessivos do povo a princípio segundo diretrizes do Imperador. É possível que Felipe, o Árabe, favorecesse a sua terra natal, a Arábia, em relação a outras províncias orientais, o que fez o seu governo indesejável para a população local. Em uma passagem dos Oráculos Sibilinos, o autor sírio mostra seu ciúme contra o florescimento das cidades árabes de Bostra e Filipópolis sob Felipe. Nesse clima de opressão, se levanta Jotapiano. Não se sabe sua posição antes de sua proclamação como imperador. Em conformidade com Zósimo, a revolta de Jotapiano foi dirigida contra o aumento dos impostos. Em conformidade com a Aurélio Vitor e Sílvio Polêmio, foi mais uma revolta dos provincianos da Síria e Capadócia do que uma usurpação militar. Em outras partes do Império estouraram revoltas e usurpações por motivos vários. A rebelião de Jotapiano começou na Síria, no final do reinado de Felipe. Apesar de Prisco controlar a situação, Jotapiano fez de Antioquia da Síria sua capital e chegou a cunhar moedas com sua efígie, as quais são a única fonte do seu nome completo: M (arcus) F(ulvius) R(ufus) IOTAPIANVS. Essas moedas são antoninianas (equivalentes a dois denários) e o seu estilo tosco sugerem que a revolta foi curta e sobre um pequeno território, tendo em vista que Jotapiano não controlou nenhuma cunhagem de maior valor. Em uma das moedas está escrito VICTORIA AVG no verso, possivelmente celebrando uma vitória dos rebeldes sobre as tropas de Filipe ou mais acertadamente significam "o poder de conquista do Imperador". Se tem sugerido que Jotapiano também cunhou áureos (equivalentes a 25 denários), mas não foi encontrada nenhuma moeda desse tipo referente a ele.
Não se sabe ao certo como Filipe reagiu à rebelião de Jotapiano, a qual não foi realmente uma ameaça ao Império; segundo o Zózimo, tal revolta poderia ser suprimida facilmente. Na época o imperador Felipe também lidava com usurpações em outros lugares do Império.

Mesmo tendo firmado a paz com o exército persa, foi derrotado pelos exércitos revoltados das províncias danubianas, sob o comando de Décio, que o sucedeu. Jotapiano não foi um usurpador militar como Pacaciano e Décio ( imagem ao lado) e conduziu uma rebelião mais contra a política fiscal de Roma. Ele não planejou tomar o poder sobre todo o Império Romano, mas ganhou uma posição proeminente no Oriente e usou o título Augustus para assinalar esta posição.
As circunstâncias nas quais a rebelião terminou são desconhecidas exceto que Jotapiano foi assassinado pelos seus próprios soldados. Segundo Aurélio Vitor ( Historiae Abbreviatae, 29.4), depois de sua derrota, sua cabeça foi trazida a Roma e mostrada ao Imperador Décio "como era costumeiro, embora Décio não tivesse pedido isto".
Se Jotapiano tem suas origens na linhagem real das rainhas e princesas Iotapa como seu nome indica encerra-se com ele a manifestação da casa real de Comagene no mundo romano.
Abaixo antoniniano com a efígie de Jotapiano.




FONTE: Wikipédia. Versões em inglês e espanhol.

OS FILHOS DE COMAGENE V

Além de Gaio Júlio Arquelao Antíoco Epífanes e Gaio Júlio Mitridates Calínico, o Rei Antíoco IV Epífanes teve uma filha, Júlia Iotapa, de quem se desenvolveu o ramo oriental da Casa Real de Comagene que sobreviveu a extinção do reino em 72 d.C.


Júlia Iotapa (c.45 d.C)


Princesa de Comagene, filha do rei Antíoco IV Epífanes e da rainha Júlia Iotapa. Seu pai foi aliado do imperador Nero (54-68) e de vários membros da dinastia Herodiana da Judéia. Entre 58-59, houve uma guerra civil no reino da Armênia na qual estavam em jogo os interesses das duas maiores potências do mundo de então:

o Império Romano e o Império Parto. As potências apoiavam monarcas distintos ao trono. Por fim, a maioria dos armênios tinha abandonado a resistência e queriam a paz sendo mais favoráveis a Roma, o que incluía a aceitação de um príncipe para ser coroado por Nero (imagem ao lado) para ser o novo rei da Armênia. Antíoco IV (imagem abaixo) tinha participado ao lado dos romanos na questão da Armênia. Nero coroou em Roma como o novo rei armênio um príncipe chamado Júlio Tigranes, o qual arranjou com Antíoco IV o casamento de seu filho, Gaio Júlio Alexandre, com a filha deste, a princesa Júlia Iotapa. O casamento entre Alexandre e Iotapa foi sobretudo uma aliança política que ocorreu entre os pais dos noivos e possivelmente Nero, assegurando favoravelmente à Roma a “paz” com aliados de peso contra possíveis ataques dos partos.

Depois que Júlio Tigranes foi coroado rei da Armênia, Alexandre e Iotapa casaram-se em Roma. Nero os coroou como rei e rainha de Cetis. Cetis foi uma pequena região na Cilícia que foi anteriormente governada pelos reis de Comagene. No entanto, a cidade romana Elaiussa Sebaste na Cilicia foi construída fora da jurisdição de seu reino. Tiveram três filhos: Gaio Júlio Agripa, Gaio Júlio Alexandre Bereniciano e Júlia. Iotapa e Alexandre governaram Cetis de 58 até pelo menos 72 e ainda estavam vivos quando da queda de Nero e a ascensão da dinastia flaviana ao governo do Império Romano (69-96). Um possível descendente de Iotapa foi o usurpador do 3º século Jotapiano.



Gaio Júlio Agripa (c. 72 - c.150 d.C)


Filho de Alexandre e Júlia Iotapa, reis de Cetis, e portanto, neto de Antíoco IV de Comagene, Agripa nasceu, cresceu e foi educado em Cetis. Agripa como seu irmão e pai eram apóstatas do Judaísmo. Contudo, o seu nome indica que as conexões com a Dinastia Herodiana, da qual também tinham ascendentes, não foram inteiramente quebradas. É improvável que Agripa tentasse exercer influência política na Judéia. Há uma inscrição honorífica dedicada a ele como “um filho do rei Alexandre”. Agripa casou-se com uma mulher romana que pertenceu ou esteve relacionada à gens Fábia, uma das mais antigas de Roma. Deste matrimônio Agripa teve dois filhos, Gaio Júlio Agripa, o jovem, e Lúcio Júlio Gainio Fabio Agripa.
Em 94, Agripa junto com seu irmão Bereniciano, introduziu-se no Senado Romano. Há inscrições que revelam a carreira de Agripa no mundo romano. Agripa serviu como questor (responsável pelos impostos) da província romana da Ásia. Em 109, Agripa serviu como guarda pretoriano (guarda pessoal do imperador) e posteriormente serviu de um cônsul suplente. No mesmo período, seu parente Filopapo também ascendia nos cargos públicos romanos.



Gaio Júlio Alexandre Bereniciano (entre 75 e 150 d.C.)


Nascido e criado em Cetis, como seu pai e irmão, Bereniciano apostatou do Judaísmo. Bereniciano juntamente com seu irmão Agripa introduziram-se em 94 no Senado Romano. Inscrições sobreviventes revelam também a carreira de Bereniciano. Bereniciano serviu como cônsul suplente em 116. Entre 132-133, ele foi procônsul da província romana da Ásia. Quando Bereniciano era procônsul da Ásia, ele parece ter sido um patrono das artes. Durante seu governo, Judas Ciríaco, bispo de Ancona (Itália) morreu ou foi martirizado em um motim durante uma peregrinação à Terra Santa em 133.


Júlia Iotapa (entre os séculos I e II d.C.)


Filha dos reis de Cetis, Alexandre e Iotapa, era descendente das casas reais da Armênia, Judéia, Capadócia e de Comagene. Casou-se com o gálata romanizado Gaio Júlio Quadrato Basso (70 - 117), que foi um legado romano na Judéia entre 102/103 e 104/105, cônsul de Roma em 105 e procônsul da Ásia em 105. Com ele Júlia Iotapa teve uma filha chamada Julia Quadratila (c. 100). Esta casou-se com Gaio Júlio Lupo T. Víbio Varo Levilo (95 - 132). Eles perpetuaram o sangue real de Comagene em seus filhos:
A. Júlio Amintas, nobre de Éfeso;
A. Júlio Cláudio Carax (115 - 147), cuja filha Júlia casou-se com o senador Gaio Asínio Rufo (110 - 136) que tiveram por filho A. Júlio Próculo (120 - 156), nobre de Éfeso, casado com Claudia Basilo (c.125).
Abaixo mapa do Império Romano aproximadamente no tempo do período abrangido:



FONTE: Wikipédia. Versão em inglês.

OS FILHOS DE COMAGENE IV

Júlia Balbila (75-130)


Filha do príncipe Gaio Júlio Antíoco Epífanes e de Cláudia Capitolina, Júlia Balbila (imagem ao lado) era irmã caçula de Gaio Júlio Filopapo, proeminente cidadão romano-ateniense. Pertencia à Casa Real de Comagene e viveu na alta sociedade romana onde se destacou como amiga da família imperial e poetisa.
Balbila nasceu e cresceu em Roma pouco depois da extinção do reino de Comagene (72 d.C.) quando sua família mudou-se para a capital imperial sob o amparo do imperador Vespasiano, o qual deu ao rei Antíoco IV receita suficiente para ele e a sua família viverem prosperamente em Roma. Balbila e a sua família tiveram uma vida fascinante em Roma e foram tratados com o grande respeito. Como seu irmão, teve uma educação grega tradicional de aristocrata.
Depois das mortes de seus avós, seus pais, ela e seu irmão Filopapo mudaram-se para Atenas. Depois da morte de seu pai, Gaio Antíoco Epífanes, em 92, Capitolina voltou para sua cidade natal de Alexandria no Egito onde ela se casou pela segunda vez com o político romano Marco Júnio Rufo. Balbila acompanhou sua mãe e há uma possibilidade que nesse período no Egito ela teve um interesse na astrologia como seu bisavô, Trasilo, e seu avô, Cláudio Balbilo. Após a morte de sua mãe, Balbila voltou a Filopapo em Atenas. Quando da morte deste em 116, Balbila erigiu um momento esplendido conhecido como o Monumento de Filopapo.
Em Atenas, Balbila se casou com um aristocrata romano cujo nome não se sabe, mas há possibilidade dela pertencer às famílias senatoriais. Infelizmente não há nenhum registro de descendentes deste casamento, no entanto, seu marido morreu, provavelmente, antes de 129.

Balbila foi poetisa da corte e amiga do imperador Adriano (ao lado) e sua esposa a imperatriz Víbia Sabina, a qual acompanhou ao Egito quando da visita de Adriano a este país em 129. Durante 19 e 21 de novembro de 130, em comemoração a sua visita ao Vale dos Reis no Egito, o casal imperial encomendou a Balbila que registrasse sua passagem naquele grandioso lugar histórico. Balbila escreveu quatro epigramas em grego eólico, a língua usada pela poetisa Safo oito séculos antes. Inspirando-se em Safo, Balbila fez quatro epigramas conhecidos como Epigrammata, inscritos e conservados em um dos colossos de Memnon (O Colossos de Memnon são duas estátuas de pedra maciças construídas pelo Faraó Amenhotep III, XIV século a.C.). Quando Balbila viu os Colossos de Memnon (imagem abaixo), o grandioso monumento lembrou-a das esculturas colossais no Monte Nemrut e o mausoléu do seu mais célebre antepassado, o rei Antíoco I Theos de Comagene.


Os quatro epigramas, embora sejam “grafite” são considerados pelos historiadores modernos como inscrições públicas, já que Adriano e Sabina os aprovaram. Esses epigramas engenhosos têm um tom homérico mesclando história e mitologia; honram aos imperadores de Roma, os novos faraós, e a própria ascendência real de Balbila. Os textos também revelam o perfil poético de Júlia Balbila: personalidade erudita, uma poetisa lírica tradicional, amante da canção e com afeição às Musas (deusas da inspiração artística).
No primeiro e segundo epigramas honra e narra a história de um rei mítico da Etiópia, Memnon, que foi morto pelo guerreiro Aquiles em Tróia e a quem o deus Zeus fez imortal. Balbila, na verdade, não fala diretamente a Memnon, mas está enaltecendo a Adriano e Sabina.
A terceiro epigrama, Demo, é dedicado às Musas, aludindo-lhes a sua poesia, fazendo-a como divinamente favorecida. No epigrama quarto e final, Balbila dedica aos seus pais e avós. Este epigrama é dedicado também ao seu sangue real e aristocrático:

“Para os piedosos que foram os meus pais e avós: Balbilo, o Sábio, e o Rei Antíoco; Balbilo, o pai de minha mãe de sangue real e o Rei Antíoco, o pai do meu pai. A partir de sua linhagem eu também traço o meu sangue real; e estes versos são meus, Balbila, a piedosa.”


Não se sabe o que sucedeu a Balbila depois disso nem o ano de sua morte.

Para saber mais sobre a literatura de Júlia Balbila consulte:

FONTE: Wikipédia. Versão em inglês.

domingo, 18 de janeiro de 2009

OS FILHOS DE COMAGENE III

Gaio Júlio Antíoco Epífanes Filopapo (65-116)
Era filho primogênito do príncipe de Comagene Gaio Júlio Arquelao Antíoco Epífanes e de Cláudia Capitolina. Célebre pelo famoso monumento que lhe foi dedicado em Atenas (imagem ao lado). Quando de seu nascimento em 65 d.C. recebeu o nome de Gaio Júlio Antíoco Epífanes sendo chamado posteriormente de Philoppapos (“aquele que ama o avô”) provavelmente por sua amizade com um de seus avós, Antíoco IV, rei de Comagene, ou Cláudio Balbilo, prefeito romano do Egito. Nascido e criado em Samosata teve uma tradicional educação grega de classe alta. Filopapo mudou-se com a família real para Roma após a extinção do Reino de Comagene em 72 d.C. quando também nasceu sua irmã Júlia Balbila. Após a morte de seus avós, mudou-se com seus pais e irmã para Atenas. Quando da morte de seu pai em 92, sua mãe mudou-se com sua irmã para sua terra natal, Alexandria, onde voltou a casar-se novamente com o prefeito do Egito Marco Rufo. Em todas as áreas de sua vida, Filopapo quis manter o status de alguém com sangue real. Ele passou o resto da sua vida em Atenas e foi um benfeitor proeminente e respeitado da cidade. Filopapo assumiu cargos cívicos, políticos e religiosos em Atenas e Roma. Ele pertenceu à elite romana e foi amigo do imperador Trajano (98-117) e de seu sucessor Adriano (117-138) e de suas respectivas famílias. Filopapo teve cidadania romana e ateniense. Ele serviu como arconte (membro da nobreza local que ocupava uma função pública) em Atenas e tornou-se amigo de filósofos gregos. Pela sua amizade com eles conheceu o célebre historiador grego Plutarco (46-120). Plutarco em seus escritos descreve Filopapo como “muito generoso e magnífico em suas recompensas” e descreve o seu caráter como “alegre e ansioso para aprender”. Filopapo exerceu a função de choregos duas vezes. O choregos era o cidadão responsável pelas representações teatrais e organizava o coro cuidando de sua preparação e indumentária. Exerceu uma vez o cargo de agonothetes (o magistrado de jogos) e foi membro do deme (região admistrativa de Atenas) de Besa. Entre 105-116, Filopapo foi feito um membro dos Fratres Arvales (Irmãos Arvais) que era um grupo antigo de sacerdotes que ofereciam sacrifícios anuais aos deuses para garantir boas colheitas.
Por causa de sua amizade com Trajano e Adriano, Filopapo tornou-se membro da Guarda Pretoriana em Roma e a partir daí membro do Senado Romano, mesmo não sendo um descendente de uma família senatorial. Em 109 foi consul suffectus (cônsul suplente). Possivelmente Filopapo se casou com uma mulher não conhecida e deste matrimônio ele provavelmente teve novos descendentes; contudo não há nenhum registro quanto a isto. Filopapo morreu em 116. Quando ele morreu, a sua morte causou grande tristeza a sua irmã Júlia Balbila, aos cidadãos de Atenas e possivelmente à família imperial. Como forma de honrar a memória de Filopapo, Balbila com os cidadãos do Atenas erigiram um mausoléu (seguindo o costume de seus antigos reis de Comagene) na Colina Mouseion, localizada no sudoeste da Acrópole de Atenas. O mausoléu de mármore é conhecido como “o Monumento de Filopapo”, e a partir dele, a colina ficou conhecida como Λόφος Φιλοπάππου (Lóphos Philopappou), a Colina de Filopapo ( imagem abaixo). No monumento há referências aos Selêucidas, à família real de Comagene, ao avô e pai de Filopapo, o qual é referido com cidadão ateniense (“Filopapo, filho de Epífanes do deme de Besa”), como cidadão romano ("Gaio Júlio Antíoco Filopapo, filho de Gaio, da gens fabiana, cônsul e irmão arval, admitido à guarda pretoriana pelo imperador César Nerva Trajano Ótimo Augusto Germânico Dácico”) e como membro da realeza de Comagene ("Rei Antíoco Filopapo, filho do rei Epífanes, filho de Antíoco"). A posição do Monumento, em frente da Acrópole e dentro de limites formais da cidade, mostra a alta posição que Filopapo teve dentro da sociedade ateniense. Para ver e saber mais sobre o Monumento de Filopapo veja:
http://www.akropol.net/philopappos_hill/philopappos_hill_page1.htm
http://www.stoa.org/athens/sites/philopappos/index.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Philopappos_Monument



FONTE: Wikipédia. Versão em inglês.

sábado, 17 de janeiro de 2009

OS FILHOS DE COMAGENE II

Gaio Júlio Arquelao Antíoco Epífanes (38-92 d.C.)


Filho primogênito de Antíoco IV Epífanes e Iotapa, reis de Comagene. No ano de seu nascimento em Samosata (38), o reino de Comagene foi restaurado pelo imperador Calígula de quem seu pai era amigo. No entanto, era apenas um reino-cliente de Roma. Gaio Antíoco (efígie ao lado) cresceu e foi educado entre Roma e Samosata. Embora carregasse em seu sangue a ascendência dos antigos reis persas, armênios e gregos, no mundo político de seu tempo era apenas um príncipe-cliente romanizado.
Como seu pai buscasse fazer alianças com os Herodianos, a dinastia governante na Judéia, arranjou-se o casamento de Gaio Antíoco com a princesa Drusila, filha do rei Herodes Agripa I (39-44). Na época eram apenas crianças. Agripa impôs a condição de que o príncipe futuramente abraçasse o Judaísmo e os costumes judaicos para confirmar o matrimônio.

Porém, Gaio recusou-se a adotar a religião e cultura judaicas. Quando da morte de Agripa I (efígie ao lado) o casamento não havia sido realizado. Drusila, por fim, foi dada em casamento ao rei de Emessa, Gaio Júlio Azizo (42-54) e Gaio foi prometido a irmã de Drusila, Mariamne. Deve-se assinalar que Azizo era filho da princesa comageneana Iotapa com o rei Sampsiceramo II de Emessa.
Em 49/50 o rei Agripa II, irmão de Drusila e Mariamne, cancelou o casamento entre Gaio Antíoco e Mariamne, porque novamente Gaio recusou-se adotar a religião dos Judeus.
Em 64 Gaio casou-se com Cláudia Capitolina, sua parente distante. Ela era filha do prefeito do Egito, Tibério Cláudio Balbilo, filho de Aka II descendente da família real de Comagene. Foram viver na corte real em Comagene onde tiveram seu primogêntio: Gaio Júlio Antíoco Epífanes Filopapo.
Em 70, Gaio Júlio Epífanes comanda tropas comageneanas em auxílio ao general romano Tito, filho do imperador Vespasiano, que na ocasião está cercando Jerusalém.
Em 72, Gaio foi acusado por Lúcio Cesênio Peto, o governador da Síria, juntamente com seu pai e irmão, Calínico, de conspirar com os partos contra os romanos. O imperador Vespasiano sente que precisa manter um controle mais direto sobre Comagene devido a sua importante localização: o cruzamento estratégico no Rio de Eufrates em Samosata.

Inseguro quanto à família de Antíoco IV, Vespasiano resolve exinguir o reino. Peto e os reis de Calcis e Emessa avançam para Comagene para concretizar a vontade de Roma, mas Gaio e Calínico preparam-se para resistir. Seu pai, o rei Antíoco IV prepara-se para fugir para a Cilícia. Após um breve choque de forças, Gaio e Calínico (retratados na moeda ao lado) fogem para a Pártia. Comagene passa a ser uma província romana e seus habitantes se tornam leais súditos do Império. Pouco tempo depois, Antíoco e seus filhos e demais parentes são levados a Roma onde são tratados com grande respeito e vivem esplendidamente.
Em 72 Cláudia da-lhe uma filha: Júlia Balbila. Em 79, seu sogro Balbilo falece. Após a morte de seu pai Gaio estabelece-se em Atenas onde morrerá em 92 d.C. e onde seu filho Filopapo será distinto cidadão. Após a morte de Gaio, Cláudia Capitoliana voltará para Alexandria onde se casará novamente com Marco Júnio Rufo, prefeito do Egito. Em Éfeso encontraram-se inscrições que mencionam seu nome e o de seu pai por causa dos Jogos Balbileanos.


Gaio Júlio Mitridates Calínico (1º século d.C.)


Era príncipe de Comagene filho caçula do rei Antíoco IV Epífanes e da rainha Iotapa e irmão de Gaio Júlio Arquelao Antíoco Epífanes (38-92 d.C.). Pouco se sabe sobre ele (efígie ao lado) quando nasceu, morreu ou se casou e teve filhos. Provavelmente, nasceu, cresceu e foi educado em Samosata, capital de Comagene e viveu os últimos dias do reino.
Assim como seu pai e irmão, foi acusado pelo governador da Síria, Peto, de conspirar contra Roma procurando associar-se aos partos, arqui-inimigos do Império. O imperador Vespasiano resolveu extinguir o reino e incorporá-lo à província romana da Síria. Embora tenha se preparado para resistir ao avanço das tropas romanas, por fim fugiu com seu irmão Gaio para a Pártia. Após o perdão imperial, Calínico mudou-se para Roma onde viveu com sua família sendo muito bem tratado. Não se sabe se após a morte de seu pai mudou-se com seu irmão para Atenas sendo desconhecido seu paradeiro.


FONTE: Wikipédia. Versão em inglês.