Comagene foi um pequeno reino helenístico de origem armênia localizado hoje na província de Adıyaman no sudoeste Turquia.Limitava-se com o leste às margens do rio de Eufrates, no oeste pelos montes Taurus e no sul pelas planícies do norte da Síria . Tal região era uma intersecção das civilizações do Oriente e do Ocidente.
Comagene destaca-se por sua abundante documentação nativa, principalmente a monumental, a qual é mais extensa do que os informes greco-romanos.Tinha relação étnica e lingüística com os Armênios até pelo menos o século I a.C. Suas principais cidades eram Samosata, Arsameia no Nymphaios (atual rio Katah Çay) e Arsameia no Eufrates. Abaixo o reino de Comagene com suas principais cidades e localidades assinaladas.
O Arsameia no Eufrates, hoje chamada Gerger Kalesi (Fortaleza de Gerger), foi fundada por Arsames sobre rochas que contemplam do alto o rio Eufrates, o qual constituiu a fronteira natural da parte oriental do reino de Comagene. Na parte superior do sítio, originalmente esteve o templo de Argandene, uma deusa local. Depois, tornou-se um santuário-cemitério sagrado (hierothesion), onde um relevo foi gravado na superfície de rocha. As inscrições mencionam que o relevo foi feito por ordem de Antíoco I para seu avô, o Rei Sames II. O revevo, que mostra Sames olhando na direção do Monte Nemrut, era destinado para ser visto à distância. Abaixo: Ruínas de Arsameia do Eufrates.
Arsameia no Nymphaios estende-se sobre dois cumes de morros conhecidos como Eski Kale (Velha Fortaleza) e Yeni Kale (Nova Fortaleza) separados pelo Rio Nymphaios (hoje Kahta Çayi). Fundada por Arsemes, antepassado dos reis de Comagene, como residência de verão, a cidade era um lugar militar estratégico e centro de culto aos reis de Comagene. Vários monumentos e inscrições são encontrados no seu sítio (abaixo).
Comagene controlou cruzamentos do Eufrates a partir da Mesopotâmia e assim era uma via de invasão privilegiada pelas tropas persas que vinham do oeste. O reino tornou-se rico por causa do comércio e agricultura, em particular nas terras férteis em volta da capital, Samosata. Embora os meios pelos quais os soberanos de Comagene desenvolveram economicamente a sua terra não sejam inteiramente claros, a existência da grande prosperidade é óbvia relação de monumentos reais, o número de festivais celebrados em todas as partes do reino, as expectativas de invasores quanto à pilhagem e os informes contemporâneos da prosperidade real pela literatura romana (por exemplo Tácito em Anais 2.81). Abaixo, o rio Eufrates cortando Comagene.
Localizada primordialmente à margem direita do Eufrates, a região parece ter tomado o nome do novo reino hitita de Kummuh que durou de 1000 a 708 a.C. Foi primeiramente mencionada em textos assírios como Kummuhu, sendo normalmente aliado da Assíria, que posteriormente a anexou como província em 708 a.C. sob Sargão II. Kummuhu sob os Assírios era uma cidade fortificada que posteriormente deu origem a cidade de Samosata, capital de Comagene, atual Samsat às margens do rio Eufrates (abaixo). A maior parte da cidade antiga está submersa na represa de Ataturk.
O Império Persa conquistou Comagene no VI século a.C. e Alexandre, o Grande, conquistou o território no IV século a.C. Depois do colapso do Império Alexandrino, Comagene, após ser dependente do reino armênio de Sofene, passa a ser uma província do Império greco-sírio dos Selêucidas.
A monarquia armeno-helenística de Comagene, limitada pela Cilícia no oeste e Capadócia no norte, surgiu em 162 ou 163 a.C. quando o seu governador, Ptolomeu se declarou independente. A dinastia de Ptolomeu esteve relacionada aos reis partas, mas o seu descendente Mitridates I Calínico (100 - 69 a.C.) abraçou a cultura helenística e casou-se com a princesa grega da Síria Laodice VII Thea. Abaixo, o Reino de Comagene nos dias de Mitridates I Calínico.
A sua dinastia reivindicava laços tanto com Alexandre, o Grande, como com os reis partas. Este matrimônio também pode ter sido parte de uma aliança de paz entre Comagene e o Império Selêucida. Deste ponto em diante, o reino de Comagene ficou mais grego do que parta ou armênio. A administração de Comagene foi paralela à estrutura das satrápias persas sob a dinastia Aquemênida: baseada em propriedades, agricultura e vida rural. Com a passagem do tempo, a administração foi gradualmente se helenizando em muitos aspectos. O grego foi adotado como a língua dos documentos oficiais. Nas classes de oficiais políticos as inscrições enumeram: dynastai, stratēgoi, ethnarchoi, archontes semelhante à administração dos Selêucidas, os reis gregos da Síria.
Antíoco I Theos de Comagene (reinou 70 a.C-38 a.C.), filho de Mitridates e de Laodice, foi aliado do general romano Pompeu contra os Partas em 64 a.C. Pela diplomacia, Antíoco foi capaz de manter Comagene independente dos Romanos. Abaixo:Monumentos do túmulo real de Antíoco I Theos em Nemrut Dag (Monte Ninrod).
Em 17 d.C. quando Antíoco III de Comagene morreu, o Imperador Tibério anexou Comagene à província da Síria, mas em 38 Calígula restabeleceu seu filho Antíoco IV e também lhe deu as áreas selvagens da Cilícia para governar. Antíoco IV foi o único rei cliente de Comagene sob o Império Romano. Antíoco IV reinou até 72, quando o Imperador Vespasiano depôs a dinastia e re-anexou o território à Síria. Abaixo herança da presença romana em Comagene: ponte sobre o rio Cendere.
Os descendentes de Antíoco IV viveram prosperamente e com distinção na Anatólia, na Grécia, na Itália e no Oriente Médio.Dos descendentes de Antíoco IV destaca-se seu neto Filopapo que morreu em 116. Os cidadãos do Atenas em 116 erigiram um monumento funeral em honra de Filopapo, que foi benfeitor do Atenas. Júlia, descendente de Antíoco IV, foi casada com o historiador Gaio Asinio Quadrato Basso, que viveu antes do III século.
FONTES:
Wikipédia. Versões em inglês e italiano.
The Encyclopaedia Iranica . Disponível em:http://www.iranica.com